Há pouco mais de 10 anos atrás, no fervor dos meus 22 anos, (FERVOR porque naquele tempo eu realmente vivia em ebulição), na sexta-feira do dia 22 de julho de 2005, eu comecei a sentir uma queimação na pele de meu colo, acima dos meus seios, como se eu tivesse tido uma queimadura, ou estivesse desenvolvendo algum processo alérgico.
Passados alguns dias, já no domingo, essa sensação na minha pele havia se espalhado, acordei com meus braços e costas queimando, sentia um formigamento como aquele que temos quando sentamos em cima de nossos pés, que aos poucos tomava conta de todo meu corpo.
Liguei para a médica cardiologista que atendia minha mãe, pois era a pessoa mais próxima que podia nos aconselhar sobre o que poderia estar acontecendo e ela me recomendou que eu procurasse um médico neurologista.
No dia seguinte, após uma consulta de emergência que consegui com um doutor recomendado, a esta altura já com meu corpo do pescoço para baixo tomado pelo formigamento, queimação e o enfraquecimento de meus membros, quase sem conseguir andar sem ajuda de minha mãe, fui encaminhada para um exame de ressonância magnética, para verificar o que estava acontecendo em meu sistema nervoso central.
Após 4 horas dentro de um tubo sendo examinada, recebo a notícia de que existia em meu cérebro alguns pontos de inflamação e uma lesão medular, próxima a minha coluna cervical, nos levando a um provável diagnóstico de Esclerose Múltipla.
Após a confirmação do então esperado processo inflamatório que eu vivia, o neurologista decidiu que o melhor era que eu fosse internada em um hospital imediatamente para fazer novos exames e enquanto isso, recebesse doses intravenais de corticóides para diminuir a inflamação que estava em meu sistema nervoso central.
Fui submetida a diversos tipos de exames, e os resultados que saíram diante do meu quadro clínico, obviamente não eram nada confortantes. Estava diante de um provável problema gravíssimo de saúde que eu, meus familiares e até mesmo os médicos desconheciam. Ninguém conseguia me direcionar para lugar algum, não sabiam de onde vinha, o que eu tinha, porque, quanto tempo eu levaria para voltar ao normal e se eu realmente sairia desta situação sem sequelas. Foi a situação mais perturbadora que eu me encontrei no auge de meus 22 anos.
Uma pessoa “invencível”, “perfeita”, que “não errava nunca”, estava diante da notícia que mudou meus dias para sempre, foi então confirmado o diagnostico de Esclerose Múltipla.